quarta-feira, 4 de maio de 2011

Um Brasil integrado

O estudo coordenado por Pena constatou que os brasileiros de diferentes regiões são geneticamente muito mais homogêneos do que se esperava, como consequência do predomínio europeu.
Quadro Redenção do Can
‘Redenção do Can’ (1895), quadro de Modesto Brocos y Gomes que retrata uma avó negra, com sua filha mulata e genro e neto brancos. Segundo estudo brasileiro, a homogeneização do nosso povo é fruto da política histórica do governo de incentivar a vinda de imigrantes europeus e embranquecer a população.
“Pelos critérios de cor e raça até hoje usados no censo, tínhamos a visão do Brasil como um mosaico heterogêneo, como se o Sul e o Norte abrigassem dois povos diferentes”, comenta o geneticista. “O estudo vem mostrar que o Brasil é um país muito mais integrado do que pensávamos.”
A homogeneidade brasileira é, portanto, muito maior entre as regiões do que dentro delas, o que valoriza a heterogeneidade individual. Essa conclusão do trabalho indica que características como cor da pele são, na verdade, arbitrárias para categorizar a população. Além disso, promete ampliar a visão que se tem hoje sobre tratamentos médicos, muitas vezes diferenciados com base em critérios físicos.
“Cada pessoa deve ser tratada individualmente, e não como um ‘exemplar de um grupo de cores’”, alerta Pena. O aspecto clínico, no entanto, não é o único afetado por essa descoberta.
Sobre o impacto social da revelação de que a origem do povo brasileiro não é exatamente o que se imaginava, o pesquisador acredita que a reação da sociedade depende sobretudo de como a informação será divulgada. “Essa questão, aliás, chega à própria razão de ser da divulgação científica”, finaliza.

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